Os trabalhos formais de fundação da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie tiveram fim em agosto de 1953, data considerada, oficialmente, seu nascimento. Os exames de admissão foram aplicados em 1954 e a primeira aula ministrada no início de 1955 pelo Diretor da Faculdade, Professor Jorge Americano. No mesmo ano, os alunos fundaram o Centro Acadêmico João Mendes Júnior, órgão de representação discente do curso, e a Associação Atlética Acadêmica João Mendes Júnior, entidade de organização e fomento esportivo.
Em 1959, por meio da organização dos estudantes, era fundado o Departamento Jurídico João Mendes Júnior, entidade que tinha por objetivo iniciar os estudantes na prática da advocacia e, ao mesmo tempo, prestar auxílio jurídico à população de baixa renda. A fundação da entidade no fim da década de 1950 significou o surgimento do segundo órgão deste tipo na Cidade de São Paulo, que contava apenas com o Departamento Jurídico XI de Agosto, vinculado aos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), fundado em 1919. A Assistência Judiciária 22 de Agosto (AJ 22 de Agosto), vinculada ao Centro Acadêmico 22 de Agosto, dos estudantes da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) seria fundada logo depois, em 1966.
Recorte de matéria de jornal publicada em 1960 na “Revista Direito-Mackenzie”. O exemplar original fica guardado na sede da Assistência Judiciária
A primeira sede do Departamento foi instalada na Rua Barão de Itapetininga, 88, 5º andar, no centro de São Paulo, em um imóvel cedido pelo então Governador do Estado de São Paulo, Jânio Quadros, após pedido dos estudantes. Anos depois, a entidade foi instalada na Rua Riachuelo, 255, também no centro, local onde estagiaram diversos mackenzistas. Durante anos, o Departamento funcionou atendendo milhares de pessoas.
Em 1990, o Departamento, por diversos motivos, acabou fechando suas atividades. Com seu fechamento, os alunos da Faculdade de Direito deixaram de promover o serviço à população e, ao mesmo tempo, usufruírem de um canal de aprendizado pedagógico, profissional e social.
A importância de um órgão como este pode ser vista na declaração de dois antigos estagiários e que hoje são professores da Faculdade de Direito do Mackenzie. Segundo Lilian Pires, professora de Administrativo, Urbanístico e Econômico no Mackenzie e estagiária do Departamento entre 1987 a 1989 “o Departamento, que ficava na Rua Riachuelo, foi uma experiência que levei para a vida. Aprendi várias áreas e aspectos do direito.
O mais importante foi o contato com as pessoas e como um trabalho aparentemente técnico pode mudar e interferir na vida delas”. Para o Professor Cecílio Pires, também professor de Direito Administrativo no Mackenzie e estagiário em 1988/1989 a experiência “foi importante em razão do contato com os assistidos, bem como pela chance de ter contato com diversas áreas do direito e de desenvolver um trabalho social”.
Antes e depois. Foto de 1959 e de hoje, 2018.
A ideia de refundação da entidade começou a despertar em 2012, no fim da gestão 2011/2012 do Centro Acadêmico João Mendes Jr., chefiada pelo então presidente Rodrigo Rangel. Ainda no primeiro semestre de 2012, já sob a presidência de Felipe Righetti Ganança, os alunos se reuniram na sede do Centro Acadêmico para desenhar os primeiros traçados do que posteriormente seria chamado de NAJ – Núcleo de Acesso à Justiça. O NAJ se tornou um grupo de visitas a comunidades da periferia de São Paulo para prestação de informações jurídicas a população. A primeira visita do NAJ foi em novembro de 2012 e teve como objetivo a exposição de informações jurídicas aos atendidos, como locais de atendimento, horários e documentos necessários para contato com órgão como a Defensora Pública, os Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Entre 2012 e 2015, o NAJ realizou diversas visitas com o auxílio de diversos alunos e antigos alunos.
Foto da primeira visita do NAJ, em novembro de 2012.
No fim de 2015, um grupo de antigos alunos, com apoio do Centro Acadêmico, começou a estruturar a refundação do órgão. A ideia era voltar a atuar como órgão de prestação de assistência jurídica gratuita, com a distribuição de processos, auxílio nas esferas administrativas e judiciais. Apesar do impacto direto do NAJ, todos os envolvidos sabiam que ainda era possível retornar as atividades iniciadas em 1959.
Entre os antigos alunos envolvidos estavam Felipe Righetti Ganança, Guilherme Testa, Amir Kamel e Patrícia Jardim. Ainda, antigos alunos como Roosevelt Ramam, que doou móveis para a nova sede da AJ e a então aluna e presidente da ALEMack (Academia de Letras dos Estudantes da Universidade Mackenzie), Beatriz de Campos, que doou livros para nova Biblioteca, foram atuantes para tirar a ideia do papel e alugar o espaço da nova sede, na Rua Senador Feijó, 154, conjunto 44, no Centro de São Paulo. Parte destes antigos alunos, como o próprio Felipe, estavam nas tratativas de organização do NAJ em 2012, quando ainda eram estudantes.
Assim, em 12/12/2017 foi realizada a refundação da entidade, denominada agora, por iniciativa dos estudantes, de Assistência Judiciária João Mendes. A AJ João Mendes continua com seus princípios e objetivos principais, atuando diretamente no atendimento gratuito da população de baixa renda.
Ainda no primeiro semestre de 2018, a AJ se instalou em uma nova sede, na Rua Piauí, 368, ao lado do campus Higienópolis da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ampliando sua atuação e participação de toda a comunidade mackenzista. Atualmente, além de prestar atendimento à população de baixa renda e ser instrumento de extensão dos estudantes, a AJ se transformou em um grande ponto de encontro e atuação de alunos e antigos alunos, sendo guardiã de inúmeros troféus históricos da Atlética, do baú do centenário da Faculdade de Direito do Mackenzie, de palco de reuniões de diversas entidades e organizadora do memorial do curso, com documentos históricos dos mais de 60 anos de história do Direito-Mackenzie.